segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Cartaz - Intervenção no pátio externo da Casa da Glória


HELVETICA.

Fazendo uso satírico da metalinguagem, escrevo aqui um texto sobre a estética gráfica ''Helvetica" em helvetica.
O documentário enfoca no impacto do design gráfico, que tem como função trabalhar no inconsciente do público transmitindo sensações e convidando para o que se deseja divulgar. 
A criação da helvetica revolucionou o mundo do design em seu tempo. Sua estética moderna, clara e variável proporcionou uma melhor legibilidade e seu caráter neutro chamou a atenção de diversos profissionais da área, que classificavam a estética da fonte como perfeita, alcançando tudo aquilo que se almejava construir e obter a partir do design.
Sua neutralidade, assim chamada, permitia que se impactasse os anúncio de forma objetiva, garantindo significado ao conteúdo.
No entanto, após extrema popularização e uso massante, a fonte acabou se tornando controversa, sendo considerada por muitos como um clichê.
Dessa forma percebe-se no design gráfico um caráter de constante inovação, mutabilidade e revolução, a fim de garantir o impacto e a função comunicativa que move o mundo capitalista.

sábado, 16 de novembro de 2019

Conceitos de Hertzberger na intervenção da casa da glória


Descobrimos, a partir da leitura do livro “Lições de Arquitetura” de Herman Hertzberger, que a arquitetura essencial é aquela que permite a atribuição de diversos usos ao espaço, além do proposto originalmente, sem que se perca sua identidade. Assim sendo, foram analisados diversos pontos relacionando o livro ao espaço da casa da glória para que, assim, pudéssemos intervi-lo da forma mais adequada possível. O conceito de ‘forma convidativa’ consiste na ideia de que a forma dos espaços deve se relacionar intimamente com as pessoas que o frequentam, já que toda arquitetura deve desempenhar um papel na vida das pessoas, unindo o belo ao útil e o confortável ao estimulante. Dessa forma, nota-se que o pátio externo da casa se encontra em estado pouco convidativo, encontrando-se em estado de degradação e aparente abandono, acaba perdendo sua beleza e sua utilidade como um espaço de permanência (ou até mesmo de transição, visto que era mais confortável transitar pelos corredores ao cortar caminho pelo pátio), criando um aspecto de desconforto e repulsão. A intervenção proposta visa a reparação desses quesitos ao criar uma semi-cobertura, nivelar o chão e revestir o espaço com arbustos, gramíneas e estruturas sólidas, retomando ao espaço sua forma convidativa.
            Sendo a urdidura e a trama como, respectivamente, a estrutura base que une o conjunto e as características pessoais e externas que atribuem uma função ao espaço, o pátio tem como urdidura, atualmente, uma área aberta e retangular contornada por paredes de corredores em 3 dos seus 4 lados, além de um piso de pedras desnivelado e bancos percorrendo o perímetro dos corredores.  A intervenção somou a isso uma estrutura vazada como cobertura para gerar locais com sombra no pátio sem que ele perdesse sua abertura, além de nivelar o piso e criar formas sólidas e escalonadas em formato orgânico no centro, contribuindo assim para um aumento na gama de possibilidades para a trama, que agora permite uma permanência maior mesmo em momentos de sol escaldante, facilita o andar pelo espaço, e as formas orgânicas propiciam diferentes tipos de forma de permanência, uso e interações interpessoais, tudo isso sem retirar as possibilidades de trama permitidos pela urdidura atual.
            A funcionalidade do espaço está diretamente relacionada com a eficiência garantida pelas soluções que são dadas a certos problemas. Antigamente servindo como um lugar de lazer somado pelo controle e observação realizado pelas freiras sobre as internas da casa da glória, hoje o espaço perdeu a maior parte de sua funcionalidade primordial, tornando-se um espaço residual (ainda que se possa transitar ou permanecer no ambiente, a degradação do espaço reduz sua função, além de não atribuir-se mais ao ideal de controle e repressão, já que a casa não funciona mais como um internato). Apesar do estado em que se encontra, o pátio mantem certo caráter flexível, já que ainda propicia vários tipos de uso, abrigando ainda a influência das funções a qual era atribuídas a ele antigamente, mesmo que a casa da glória e todo o seu contexto tenham mudado completamente, permitindo que ele seja aberto para novas mudanças e reinterpretações. Dessa mesma forma, também podemos afirmar que o espaço se manteve polivalente, já que pode se prestar para diversos usos (transitar, sentar, ser palco para performances, etc) sem que seja necessária a atribuição de mudanças. A intervenção realizada propõe que o pátio retome seu caráter funcional ao tentar solucionar efetivamente as questões: de incidência solar, permitindo que a pessoa possa se adequar ao sol ou a sombra de acordo com suas necessidades sem que precise sair do espaço próximo ao que se encontra, garantindo uma maior permanência e menor desconforto térmico; da dificuldade de trânsito, ao nivelar e uniformizar o piso; e diminuir o desconforto causado pela sensação de observação direta dos andares de cima, mesmo não bloqueando definitivamente a vista do pátio pelas janelas. Também propõe-se que seja mantido o caráter flexível do ambiente, aumentando a possibilidade de diversidade de usos do espaço, ainda que esteja garantido que a intervenção não soluciona efetivamente todos os problemas do espaço, já que esses se encontram em estado de permanente fluxo e é sempre temporário (como, por exemplo prático, a questão da incidência solar que em épocas de calor pode ser indesejada, ao mesmo tempo que em épocas de frio possa ser relevante). Além disso, a intervenção procura manter o caráter de polivalência já que possibilita que o espaço possa ser de trânsito, permanência, lazer, descanso, atividades em geral, permite que se sente ou que se apoie coisas, sem uma função objetiva. No entanto, cabe observar que a nova releitura também restringe a polivalência do espaço de algumas formas, como, por exemplo, a restrição gerada pelas partes dos canteiros/jardins, que não favorecem um multiuso em favor do cuidado e manutenção das plantas.
            Tendo por irregularidades do espaço como sendo uma gama de artefatos e objetos que possuam um objetivo ou uso flexível e que possibilite uma liberdade de interpretação, o atual pátio possui como exemplo desses o bloco elevado de pedra que percorre os lados rentes aos corredores (normalmente atribuídos como bancos, a estrutura pode desempenhar mais de uma utilidade  dependendo da vontade de quem o utiliza), além das janelas dos corredores, que além de sua utilidade do senso comum, também possibilita que sejam usadas como espaços de apoio, ainda que pouco comum.  A intervenção cria, com as novas formas orgânicas e escalonadas dispostas no interior do pátio, uma série de novas irregularidades que permitem aos usuários a liberdade de escolher formas de se sentar, se apoiar, utilizar como bancos ou mesas, encostos, palcos, e o que mais for conveniente.
            Por fim, como demarcação territorial e articulação público-privado, podemos nos referir ao ambiente como um espaço atualmente residual e intermediário diante dos conceitos de público ou privado, a partir do momento que definimos espaço público como uma área acessível para todos a qualquer momento em que a manutenção é garantida pelos usuários. Por se tratar de um prédio público/federal, a casa da gloria e, consequentemente, o pátio, podem ser considerados como públicos. No entanto, por funcionar como um museu atualmente, a casa e o pátio são mantidos e supervisionados por um grupo restrito de pessoas e não pela comunidade que os utilizam, garantindo ao mesmo tempo um caráter semi-privado. A intervenção não altera seu caráter publico-privado, mas re-significa o espaço, tornando-o mais atrativo, convidativo e mais vivo e interligado ao contexto da casa.